De filhos para pais: “Superproteção”

Andreia Petrucci

  • 16
  • Set
  • 2014

De filhos para pais : “Superproteção”

  • 16
  • Set
  • 2014

A palavra “super” poderia supor algo muito bom, muito importante ou imprescindível.


No entanto, as barreiras da proteção parental podem ser facilmente ultrapassadas, e entrar-se em desequilíbrio, quando não há respeito pelo filho como indivíduo, mas cria-se uma “rede” de dependência, que pode causar grandes danos ao futuro da criança.

Por exemplo, falei-lhe, nos últimos posts, acerca da minha infância, e o quanto senti a falta de um apoio, um “porto de abrigo” que todas as crianças deveriam ter, a fim de criarem as suas próprias referências. E isso vem dos pais, progenitores, ou encarregados de educação. Mas o oposto, como responsáveis “superprotetores”, também pode revelar-se um erro, ainda que inadvertido, por parte de quem educa.

Por exemplo, eu e o meu irmão tivemos uma educação totalmente distinta, em virtude das dificuldades que vivemos. Ao passo que eu me tornei (demasiado) autónoma, e sofri com esse desequilíbrio durante anos, ele cresceu mais fragilizado, interiormente, porque também recebeu mais “proteção”. Assim sendo, foi “poupado” de amadurecer, recebendo apoio até nas tarefas mais simples, o que o tornou mais dependente de terceiros, ao longo do tempo.

Percebemos o desiquilíbrio dos extremos, como em tudo. E assim é, quando os pais ou educadores, principalmente em virtude de perdas, doença, problemas conjugais, etc., poupam os seus filhos de “regras” básicas de educação, apoiando-se na sua fragilidade, no estado emocional recorrente de uma decepção… esquecendo-se que, um dia, cada um seguirá o seu caminho e terá que fazer as suas próprias escolhas.

Imagine se Deus não nos disciplinasse e permitisse que fizéssemos tudo, sem equilíbrio? Imagine que, mesmo em momentos difíceis, Ele permitisse que Lhe desobedecêssemos, em virtude da nossa – mesmo que justificada – fragilidade?

“É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?
Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.
Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?” (Hb.12:7-9)

Não querendo incorrer no erro de viver no passado, uma coisa lhe digo: O respeito que havia anteriormente para com os pais, como referências, tem vindo a ser desvalorizado, assim como para com professores e educadores. Porquê? Sinal dos tempos? Sem dúvida… Mas se a proteção e valorização interior fossem mais respeitadas, do que a “superproteção” do indivíduo, talvez experimentássemos melhores resultados nos dias de hoje.

Há pouco tempo perguntei a uma mãe, se a sua filha buscava a Deus, baseando as suas escolhas em uma fé inteligente e racional. A resposta, embora não surpreendente, fez-me pensar: “Não Andreia, ela tem a faculdade e o trabalho. Não tem tempo para ir à Igreja.”
Pois é, “mãe”… A insensatez é parente próxima do sofrimento, e quando a “superproteção” toma a frente da sabedoria e equilíbrio, resulta em pessoas infelizes e disfuncionais, que formam famílias exatamente com as mesmas caraterísticas. Neste caso – dependendo das suas escolhas – talvez numa jovem com muitos estudos, com vários “canudos”, mas com pouco conteúdo porque não alia a inteligência à sabedoria, quando o “pacote” poderia ser completo, pois Deus torna tudo perfeito!

O que Deus faz, mesmo quando tudo falha; mesmo quando os pais não sabem como educar um ser, que é uma verdadeira “caixinha de surpresas”, a entrega parental, aliada à sabedoria de Deus, pode transformar uma criança, ou jovem, num adulto com bases e promissor.

“Ensina a Criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele”.
(Provérbios 22:6)

Deixe uma mensagem

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

14 comentários

  1. Boa noite,

    a “Superproteção” faz com que aja certos bloqueios, pois foi o que aconteceu comigo, barreiras que foram colocadas, coisas simples da vida para mim muitas vezes foi passado com muita dificuldade, mas com a Força de Deus tenho superado. Não adianta ter muitos conhecimentos se não houver uma ligação com Deus.

    Muito obrigado pela sua mensagem, Deus abençoe.

    Ver mais
  2. Boa noite,

    obrigada por compartilhar esta mensagem. De facto, muitas pessoas são desequilibradas interiormente, ou porque foram demasiado protegidas, ou o contrário, pouco protegidas. Tem que haver um equilíbrio da parte dos pais, educadores, etc, para que hajam cidadãos equilibrados.

    Que Deus a abençoe.

    Ver mais
  3. O boa tarde esta mensagem e muit forta.

    Ver mais
  4. Ola boa tarde, realmente não devemos ser demasiados superprotetores, devemos deixar que eles mesmos façam certas tarefas ou seja devemos deixar que eles tenham autonomia própria mas com equilíbrio.
    Nada vale ter muito conhecimento deste mundo se não for aliado ao conhecimento e sabedoria de Deus.

    Ver mais
  5. Muito forte quem dera se os filhos desse ouvido a tudo que os pais fala pois e assim que Deus sente quando nos adverte quando estamos pendendo a fazer uma escolha errada.

    Ver mais
  6. Bom dia… Concordo plenamente com o que a senhora nos ensina hoje. Eu fui criada para ser independente e isso veio a trazer alguns problemas para a minha vida principalmente no meu casamento. Eu não tive um meio termo na minha educação eu tinha de ser desenrascada e ponto. A verdade e que só depois de conhecer a Jesus comecei a criar o equilíbrio que deveria ter sido criado durante toda a minha infância. O seu poste de hoje me fez pensar bastante e ate comuna reender algumas coisas sobre mim que ainda não tinha percebido. Muito obrigada.

    Ver mais
    1. Olá Andreia (minha “chará”…rsrs), a “bagagem” tem sempre influência em quem nos tornamos ao longo do tempo, mas esta não precisa determinar quem somos, para sempre. A partir do momento que permitimos que Deus nos molde, podemos ser transformadas, interiormente, e isto vai refletir-se nas nossas ações.
      Foi muito difícil também para mim, na fase inicial do casamento. Só muito mais tarde percebi o motivo das minhas reações.
      Também eu tenho descoberto muitas coisas, amiga, mas esforço-me para aprender, a cada dia, a tornar o “limão”, numa “limonada”. Beijinhos.

      Ver mais
1 2 3