De Filhos para pais : Tal Filho… tal Pai!

Na verdade, certo provérbio popular retrata exatamente o oposto: “Tal pai, tal filho”, mas a verdade é que, consoante falámos na semana anterior, quando não há exemplo por parte de quem o deveria dar, e aqueles que teríamos como expoente, falham com o seu papel, quem resta para servir como referência?!

Pais que esperam que os seus filhos se submetam ao mesmo tipo de vida que um dia tiveram, apenas porque, na sua altura, suportavam o sofrimento “calados”; porque era vergonha alguém se aperceber do que realmente se passava no interior de quatro paredes.

E quem disse que filho de pai viciado teria que o ser? Onde está escrito que filha de mãe prostituta, teria como herança a mesma vida? E qual a lei que dita que uma vida de miséria é a única esperança para os filhos de pais que nunca tiveram nada?!

Infelizmente temos visto muitos casos em que os filhos se vêem obrigados a abandonar o próprio lar porque, quando deveriam receber a proteção de quem mais amam, os seus pais quedam-se, silenciosos, perante abusos e maus tratos frequentes e continuados.
Esta é uma triste realidade dos nossos dias, mas que não tem, obrigatoriamente, de ser a sua!

Também já imaginei que a minha única saída fosse o sofrimento familiar, a infelicidade conjugal, conforme via dentro da minha casa; que a traição fosse a base de um relacionamento, porque a assisti na “primeira fila” desde muito cedo.

Mas com Deus, o que era para dar errado dá certo, e Ele tem a capacidade de transformar uma triste e pesada “herança”, numa existência totalmente renovada! Assim, ao invés de olharmos para uma família desestruturada e associar esta realidade ao presente dos respetivos filhos, podemos olhar para um filho, e perceber que este, usando o seu poder de escolha, decidiu quebrar anos a fio de maldição, arrancando uma dura herança que se perpetuaria, ainda, por várias gerações.

Pergunta você: Mas eu tenho esse “poder”? Sem dúvida, caro(a) amigo(a)! Nós temos algo inato, outorgado por Deus aquando da criação humana: O livre arbítrio.
O nosso poder de escolha não pode ser transferido a ninguém ou “roubado” por outrem, a não ser que venhamos a abrir mão dessa autoridade.
Estou a dizer-lhe que você tem escolha, em permanecer no estado em que se encontra neste momento: triste, frustrado, oprimido ou sobrecarregado por um fardo que não é seu ou revoltar-se, achegando-se a Deus e transformando a sua realidade, como tantas outras milhares de pessoas, através da sua escolha, mudaram para sempre as suas vidas.

Uma das situações pelas quais mais sou grata a Deus, hoje, é porque sei que o meu passado não tem influência negativa na minha vida, pois eu permiti que esse elo fosse quebrado, através da minha entrega, que me tem tornado livre, a cada dia. Guardo lembranças e não tristezas; relembro o que vivi, não com amargura, mas como testemunho às gerações vindouras!

Ainda que os seus “antepassados” não sejam os principais causadores do seu estado atual, e que o fardo que carrega seja, na realidade, fruto das suas próprias escolhas ao longo do caminho, ainda assim, cada manhã é uma oportunidade de transformar a sua história de vida, lembrando que esta escolha será estendida a muitas gerações. Já imaginou? Ao invés de viver ligado a um passado triste, de sofrimento, o livro da sua vida pode ser “reescrito”, começando já, a partir deste momento, e de uma simples escolha?

Simples?! Pergunta você, quando talvez tenha vivido uma existência inteira, independentemente da idade, com sempre o mesmo da mesma coisa?! E amigo(a), quando se inicia o percurso de uma longa caminhada, senão num pequeno passo?!

Comece pelo seu interior, que deve ser limpo, trabalhado e cuidado. Deite para fora tudo o que tenta aprisioná-la ao passado: mágoas, decepções, tristezas, lembranças que a perseguem e lhe tiram o sono; perceba que cada um de nós é um indivíduo, e que esse processo, assim como a nossa vontade, é único, pessoal e intransmissível. Não diga: “Este ou aquele é que precisam porque eles é que fizeram mal…”. Não culpe e nem se culpe, mas reaja!

Lembre-se que os únicos com capacidade para mudar a nossa própria história somos nós, quando aliados a Deus, nos permitimos moldar à Sua imagem e semelhança. E aí sim, quem vê o filho, reconhecerá o Pai que ele tem!

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (II Co.5:17)